Reflexão sobre a renda das pessoas com deficiência

Que o cenário nacional com relação ao cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência não é nada bom, isso todo mundo já sabe. Mas, quando falamos em renda, ele piora um pouquinho mais, acredite!

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2022) a renda per capta nacional das pessoas com deficiência é um pouco mais de 1.8 mil reais e, pasmem, no nordeste brasileiro essa renda cai para menos de 1.3 mil reais.

É claro que jamais conseguiremos esgotar aqui todos os motivos que levam a uma realidade tão triste e desigual, mas uma coisa é certa, a existência de políticas públicas meramente assistencialistas é um ponto que precisa ser observado, pois isso se arrasta há décadas em nosso país.

Para que uma pessoa com deficiência física, por exemplo, saia de casa e busque alguma oportunidade de trabalho, terá que passar por calçadas sem acessibilidade, um transporte público, em regra, superlotado e, o pior de todos os desafios, o preconceito da sociedade e da empresa que possivelmente falará que acessibilidade é gasto e não investimento.

Agora, nos colocando no lugar dessa pessoa, vamos responder a seguinte questão: Você sairia de casa recebendo os 1.3 mil reais do governo para ganhar os mesmos 1.3 mil reais em um local que o vê como “PCD da Lei de Cotas” e passando por todos os desafios físicos e atitudinais existentes nas ruas?

Pois é, tenho certeza quase absoluta que a resposta é NÃO, acertei?

Só para piorar um pouco mais essa condição, pense que essa pessoa é formada em Administração, Contabilidade ou Direito e 99,99% das vagas da “Lei de Cotas” não levam todo o esforço que ela teve para se formar e lhe darão uma função que uma criança de 3 anos faz com facilidade. Sem aqui desmerecer qualquer trabalho e, nem mesmo, as limitações de uma criança de 3 anos de idade ok?

Com o surgimento da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/15), foi criado o Auxílio Inclusão. Mesmo tendo ele ficado por alguns anos em tramitação no Congresso Nacional, hoje ele está em vigor e quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e tem interesse em voltar para o mercado de trabalho recebe uma complementação da renda como uma forma de incentivo. Interessante mas não a solução da lavoura (rs). Até mesmo porque as calçadas, as ruas, os prédios e, principalmente, as pessoas não mudam como um simples botão de ON e OFF.

Como disse acima, jamais conseguiremos esgotar o assunto e, caso um dia eu tenha o privilégio de alguns minutinhos do seu precioso tempo na leitura desse pequeno texto, peço que fomente a discussão, mesmo que seja apenas enviando o link para alguém que possa ter interesse nele. Até breve!

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