O futuro dos cursos de Direito está diretamente ligado à evolução tecnológica e às transformações digitais que têm impactado a educação como um todo. Com o avanço das tecnologias de informação, métodos tradicionais de ensino vêm sendo gradualmente substituídos ou complementados por novas formas de aprendizado. Ferramentas como inteligência artificial, realidade aumentada, plataformas de ensino a distância e aplicativos especializados em estudo jurídico já fazem parte da rotina de muitos estudantes e profissionais do Direito.
Mas, essa evolução traz consigo desafios complexos, especialmente quando consideramos a diversidade de perfis entre os alunos. Para muitos, o acesso a esses recursos digitais representa uma oportunidade de enriquecer o aprendizado e facilitar a assimilação de conteúdos complexos. No entanto, essa mesma realidade pode ser excludente para estudantes com deficiência ou para aqueles que não têm acesso de qualidade ao ambiente virtual. A falta de acessibilidade nas plataformas digitais e o acesso desigual a tecnologias de ponta são obstáculos que impedem uma parcela enorme de alunos de aproveitar plenamente os benefícios da digitalização no ensino jurídico.
Os alunos com deficiência enfrentam barreiras específicas na utilização de ferramentas tecnológicas, que muitas vezes não são projetadas com acessibilidade em mente. Softwares educacionais, vídeos e materiais didáticos digitais frequentemente não possuem compatibilidade com leitores de tela ou legendas descritivas, dificultando ou até inviabilizando o acesso ao conteúdo por pessoas com deficiência visual ou auditiva. O design das plataformas também pode ser um empecilho quando não considera a navegação por teclado ou o uso de comandos de voz, recursos fundamentais para muitos usuários. A evolução tecnológica no ensino jurídico, portanto, precisa ser acompanhada por uma preocupação constante com a inclusão e a acessibilidade.
Paralelamente, a questão do acesso desigual à internet de qualidade e a dispositivos apropriados é outro ponto de tensão. A pandemia de COVID-19 trouxe à tona as disparidades no acesso à educação, especialmente em um cenário de ensino remoto. Muitos alunos, principalmente aqueles de regiões mais afastadas ou de menor poder aquisitivo, enfrentam dificuldades para acessar aulas online, participar de debates virtuais ou simplesmente se manter atualizados em relação ao conteúdo ministrado. Enquanto alguns têm à disposição tecnologias de última geração, outros dependem de smartphones com conexão instável, o que limita drasticamente a experiência de aprendizado e a interação com colegas e professores.
O futuro dos cursos de Direito depende de um equilíbrio entre inovação tecnológica e inclusão social. As instituições de ensino e os desenvolvedores de tecnologia precisam trabalhar em conjunto para criar ferramentas acessíveis, que respeitem a diversidade de seus usuários e promovam a inclusão. Além disso, é essencial que sejam criadas políticas públicas para garantir o acesso à internet de qualidade e a dispositivos tecnológicos adequados, de modo que nenhum estudante fique para trás nesse processo de digitalização do ensino jurídico.
Em última análise, a evolução tecnológica no Direito pode transformar o aprendizado, tornando-o mais dinâmico, interativo e conectado com as demandas do mercado atual. Porém, para que essa transformação seja justa e inclusiva, é necessário que as barreiras de acesso sejam reconhecidas e superadas, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas condições, possam usufruir plenamente dos benefícios que o futuro da educação jurídica promete oferecer.