A importância do atendimento especializado em programas de reabilitação para pessoas com deficiência visual vai além da promoção da segurança e autonomia. Esse processo desempenha um papel fundamental ao ajudar indivíduos a reconhecerem suas próprias capacidades e dificuldades, permitindo que aprendam a resolver conflitos e enfrentar desafios do dia a dia. Essa perspectiva é compartilhada por Edson Luiz Defendi, Tatiana Maria Sanches, Aline Areude e Eliane Mariane em sua obra \”A inclusão começa em casa\” (pg. 37, 2008).
O apoio da família no desenvolvimento de pessoas cegas ou com baixa visão é inquestionável, pois é nesse ambiente que elas encontram a confiança necessária para superar os desafios impostos diariamente. Além do ambiente familiar, os centros de reabilitação oferecidos por órgãos públicos ou organizações não governamentais (ONGs) desempenham um papel tão importante quanto.
É válido ressaltar que o atendimento nas escolas é um passo rumo à independência para aqueles inseridos na rede escolar. No entanto, para aqueles que não estão nessa rede, os centros de reabilitação se tornam um apoio indispensável. Nesse contexto, é papel dos familiares incentivar o ingresso e a permanência nesses centros, que desempenham um papel crucial na jornada de desenvolvimento das pessoas com deficiência visual.
Histórias pessoais de superação reforçam a importância desses serviços. No caso de Edson Luiz Defendi, sua busca pela reabilitação se deu após uma acentuada piora em sua visão aos 25 anos. Mesmo com a utilização de lupas eletrônicas, a visão não era suficiente. Aos 35 anos, procurou o antigo Centro de Apoio Pedagógico do Estado do Espírito Santo (CAP/ES) para aprender o Braille. Esse centro proporcionava aulas de Braille, Orientação e Mobilidade, Musicalização, Informática e Estimulação Tátil para crianças, jovens e adultos. O ambiente de aprendizado era inspirador.
O aprendizado obtido no CAP/ES permitiu a Edson se tornar professor de Braille em 2016 e, em seguida, com o apoio de um amigo, aprender o Soroban. Desde 2017, ele oferece um Curso de Extensão em Braille e Soroban em parceria com a Faculdade Novo Milênio em Vila Velha (ES). Edson nutre um carinho especial pelos profissionais do antigo CAP/ES, pois a reabilitação proporcionou-lhe autonomia e uma nova opção profissional.
Esses relatos pessoais evidenciam que a reabilitação tem um poder transformador na vida das pessoas com deficiência visual. Ela permite que esses indivíduos enfrentem desafios e desenvolvam plenamente suas capacidades. É fundamental fortalecer os investimentos nesses serviços e promover a conscientização sobre sua importância na sociedade, garantindo a inclusão e o empoderamento das pessoas com deficiência visual.
