\”O estreitamento dos vínculos familiares e a confiança da família no adolescente com deficiência visual são fundamentais para que ele possa desenvolver suas potencialidades\”
… por Edson Luiz Defendi, Tatiana Maria Sanches, Aline Areude E Eliane Mariane na obra A inclusão começa em casa (pg. 30, 2008).
A família é o organismo social que mais faz diferença no desenvolvimento das pessoas com deficiência visual. A influência dos familiares pode ser positiva ou negativa, ou seja, no mesmo momento que a criança, adolescente ou adulto com deficiência visual podem ter um bom avanço em sua autonomia, atitudes de superproteção ou o descaso podem atrapalhar o seu crescimento como cidadão.
Na frase de hoje, o autor trata de uma fase desafiadora para a grande maioria das famílias, a adolescência. Quando falo que a fase é desafiadora, não estou dizendo que todos os meninos e meninas com 14 ou 15 anos são rebeldes sem causa. A explicação é puramente científica. São muitos os hormônios e as mudanças no corpo e na mente, passando da fase infantil e se aproximando da fase adulta, repleta de responsabilidades e contas para pagar (rs).
Além disso, os amigos do ensino fundamental se afastam porque vão fazer o ensino médio em outra escola, alguns ficam com vergonha do crescimento de pelos, seios, glúteo etc.
Na minha adolescência, eu enxergava razoavelmente bem durante o dia. A retinose pigmentar (doença com característica degenerativa da retina), inicialmente, me prejudicou no período noturno e em ambientes escuros.
Eu ainda conseguia ler usando óculos de grau, andava de bicicleta e de skate, frequentava festas com os amigos da escola e que moravam próximo a minha casa. Não tinha muitos problemas no que diz respeito às atividades de um adolescente saudável.
Em casa, sempre tive o apoio dos meus pais. Como disse acima, a adolescência não é uma fase muito simples e eu não fiquei fora disso. Com os hormônios à flor da pele e as mudanças no corpo e mente acontecendo na velocidade da luz, tive meus momentos de revolta e de conflitos com minha família. Eu me lembro de ter esperado minha mãe sair de casa e pintei com tinta preta um tribal de uns dois metros na parede do meu quarto (rs). Pensa em uma mãe que ficou brava (rs).
Com a minha dificuldade visual aumentando, em muitos momentos eu não me conformava em estar vivendo aquela situação. Até mesmo porque não é nada fácil para um menino no auge dos seus 15 anos não conseguir dar umas paqueradas na festinha da galera (eu não via direito o rosto das meninas rs) e, por isso, tive que desenvolver meus próprios métodos de “Don Juan”(rs).
Mesmo com todos os desafios vividos na época, eu venci! Hoje com 45 anos e com um filho de 18, entendo perfeitamente a importância que a minha família teve no meu crescimento e agradeço a Deus todos os dias por isso. É claro que agradeço também ao criador do Rivotril, da Maracujina e de todos os outros calmantes (rs).